segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

 Esta sou eu. Uma adolescente irreverente e irracional, com cento e sessenta e oito centímetros de altura, um sinal acima do lábio superior direito, mãos estupidamente pequenas e o cabelo a ficar loiro de tão estragado que está. Não sei definir-me com exactidão, talvez porque eu não [acho que] encaixe no estereótipo dos tempos de hoje. Eu sou diferente, e ainda não descobri se isso é bom ou mau.
Não sei qual é o meu estilo. Adoro usar calças de ganga apertadas e sweatshirts largas, e sempre com ténis. Mas a meio da semana apareço com uma mini-saia de estilo retro que sobe até à cintura. Odeio saltos altos. Quando me casar vou usar umas All Star brancas. Adoro anéis e pulseiras, mas não suporto usá-los. Adoro pintar as unhas de vermelho. Por vezes pinto só as da mão esquerda porque perco a paciência para pintar as da outra. Passo a vida a riscar nas minhas calças e nas minhas sapatilhas, e nas mesas, e nas paredes, e no chão, e na pele das outras pessoas. Gosto imenso de artes, e de ser aluna de artes. Gosto ainda mais das aulas de desenho. Se não fosse lá, a minha cultura geral sobre cocó [eufemismo] e quedas de skate não seria tão rica.
Uso a escrita e a música como escapes, como forma de esvaziar a mente. Sou completamente apaixonada por rock n’ roll, e os solos de guitarra calminhos fazem-me chorar.
Odeio estar sozinha, mas prefiro isso aos silêncios constrangedores. Tenho fobia a esses momentos [reacção pós-trauma].
Conheço muita gente, e tenho alguns amigos. Esses são a prioridade número um na minha vida. Aqueles que me conhecem [bem], sabem que sou perita a dar conselhos, e péssima a segui-los.
Duas coisas que faço todos os dias são abraçar e sorrir. E sorrir a toda a hora e para toda a gente que se dirija a mim. E eu sorrio independentemente do meu estado de espírito. Sorrio mesmo quando tudo o que não quero que aconteça acontece, mesmo quando me sinto um caco por dentro. E eu sinto-me um caco por dentro todos os dias. Sorrio para não chorar. Sorrio para transmitir às outras pessoas apenas o meu lado forte porque, se não o fizer, todos aqueles que se apoiam em mim vão deixar-se ir abaixo. Tenho de sorrir por aqueles que eu amo. Ninguém tem noção do quanto isto é difícil.
E depois há aquelas pessoas que, só de olhar para mim, deduzem instantaneamente a minha maneira de ser. Aparentemente, tenho cara de toxicodependente, de convencida e de leviana [mais um eufemismo]. Nunca se deve julgar o livro pela capa. Não sou nada do que as pessoas dizem que eu aparento ser.
Eu não sou perfeita, isso é certo e mais do que óbvio. Sou extremamente confusa e fraca de espírito, e é frequente eu meter água em quase todas as situações por que passo. Estou a passar pela fase mais complicada da minha vida até hoje, e tenho feito escolhas que não me levam ao bom rumo da vida. Eu sinto-me lixo. Sinto-me vazia, como um livro ao qual arrancaram as páginas com as partes fulcrais da história. Eu perdi a noção de felicidade, e ando por aí à procura de uma luz onde ela não existe. Digo “sim” quando deveria dizer “não” e fujir na direcção oposta. Estou a mudar, e nunca antes tive tanto medo de mim própria. Sinto-me consumir por este vazio horrível, cheio de memórias que não se desprendem de mim.
Ser Catarina Martins não é fácil. Não me julgues pelo que vês, não me odeies sem me conheceres. E se, de qualquer das maneiras, eu não te agradar, desculpa… Mas eu sou assim, e não vou mudar por ti, nem sinto qualquer necessidade de agradar, seja a quem for.

relato de um rapaz.

«Tudo bem, nós queremos raparigas de boa onda, sexys, sedutoras, bonitas, inteligentes e simpáticas. É MUITO FÁCIL FALAR, porque quando nos aparece uma assim “de bandeja”, a primeira coisa que nós pensamos é “Hey, dei-me bem! Ficamos com ela uma vez, duas vezes. E depois disso começamos a pensar que esta é a rapariga que as nossas mães gostariam de ter como noras. Se tivermos um relacionamento, será estável. Vou buscá-la à escola, vamos ao cinema, a um bar, e vai haver sexo todas as semanas…” Tudo muito básico. Até que se torna uma rotina e perde a graça. Começamos a ver os outros rapazes bem vestidos e bem humorados a ir para as discotecas engatar miúdas e morremos de inveja, começamos a sentir falta de tudo isso. Pensamos que “acho que não estou pronto para isto, não me quero dedicar a este relacionamento até ao fim da minha vida”. E a tal rapariga transforma-se num objecto, e começamos a sentir um grande nojo dela, uma aversão. Quando vemos o seu nome no ecrã do telemóvel, não temos vontade de atender. JÁ ERA. A promessa de algo estável vai por água abaixo, e se ela não perceber o que se passa, nós começamos a ser secos. Muito secos. E ela pensa “O que é que eu fiz?”. Coitada, ela não fez nada. A culpa é só mesmo nossa.
Aí voltamos para a nossa antiga vidinha, que nós mesmos odiávamos há uma semana atrás. Esperamos ansiosamente pela hora de sair para arrasar na noite… Ou até engatar aquela miúda que sempre quisemos. E no fim? GRANDE DESILUSÃO. Chegamos a casa, sozinhos, e ficamos a tentar descobrir porque não estamos satisfeitos. De repente, percebemos que aquela tal gata, linda, gostosa e misteriosa, que disse “fico contigo” nem sequer pediu o nosso número de telemóvel. FRUSTRAÇÃO. No final de tudo, ficamos a pensar na nossa ex-namorada. Ela até podia ter os seus defeitos, mas era boa onda, ficava sempre do nosso lado e dava-nos valor. E enquanto isso, ela, chateada, e magoada, sem perceber o porquê de termos acabado. E essa dúvida vira ANGÚSTIA, que por sua vez dá origem à RAIVA, e ela manda-nos para a “P*UTA QUE TE PARIU!”. Não quer saber de mais nada, só quer sair, aproveitar a vida e curtir com outros rapazes. Resolve não se envolver a sério com mais ninguém, para não voltar a sair magoada de outra história falhada de amor. Muito bem, acabámos de criar uma MONTRA! O tempo passa, e continua tudo na mesma. Continuamos a reclamar da vida e das raparigas. Mas elas são assim por nossa culpa. A mulher da noite, hoje em dia, ontem era uma boa rapariga que namorava com um rapaz. Provavelmente essa nossa ex-namorada está agora no marmelanço com mais um rapaz por aí. Perdêmo-la para sempre. Ela virou uma enlouquecedora de cabeças de rapazes. E quando a encontramos na noite? Ela nem olha para nós… (Mas está mais linda do que nunca).»
PS: o texto não é da minha autoria. só fiz algumas alterações e correcções de erros.